segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Mergulhador

 


Como todos os seres humanos, nascemos no coração da mãe Terra. Temos braços e pernas, respiramos oxigênio que entra em pequenos pulmões.
Passamos grande parte da nossa vida na posição vertical, que nos dá uma maior autonomia e conforto na Terra. Vistos superficialmente, somos iguais a todos os seres humanos.
Mas, analisando um pouco mais fundo, alguma coisa nos faz diferentes. Nascemos com os olhos acostumados ao azul das águas. Temos um corpo que anseia pelo braço do mar e um pulmão que aceita grandes privações de ar, apenas para prolongar a nossa vida no mundo azul.
Somos homens e mulheres de espírito inquieto. Buscamos, na nossa vida, mais do que nos foi dado...
E isso faz com que nós, mais do que amigos, sejamos irmãos. Faz de nós, mergulhadores.

J. Y. C.
 
 

domingo, 15 de janeiro de 2012

A importância da cadeia alimentar

Todos aprendemos, estamos aprendendo ou aprenderemos um pouco sobre a cadeia alimentar no ensino fundamental (esse seria o correto né?), mas muitas pessoas sequer sabem o que significam essas duas palavras quando estão juntas, e esquecendo um pouco esse lado, ainda existem aquelas pessoas que estudaram sim algo sobre a cadeia alimentar terrestre na escola, mas e a cadeia alimentar que está presente em 3/4 do planeta, ou seja, no oceano?
Mas ai nos deparamos com uma pergunta: porque eu preciso saber sobre a cadeia alimentar, seja ela terrestre ou marinha?
Para responder à essa pergunta vou apenas ilustrar uma situação: você fica sabendo por um jornal local que houve uma contaminação de um certo camarão por uma substância tóxica ao homem (metal pesado por exemplo), se você leu essa postagem antes da notícia, possivelmente pode se livrar de uma intoxicação sem esperar nenhum conselho de alguma instituição que lida com questões como essa, caso contrário, mesmo evitando ingerir aqueles deliciosos crustáceos fritos, seu destino pode não estar livre de uma visita ao médico.
Quer entender o porque na primeira situação nos livramos de uma intoxicação por metal pesado? Então acompanhe a leitura e entenda como uma cadeia alimentar funciona.

A cadeia alimentar é basicamente um diagrama de setas que flui de um indivíduo para outro, no sentido de quem é predado para o predador, assim podemos estudar o fluxo de energia num determinado ecossistema, no caso, o oceano (que não é bem um ecossistema, mas é nossa área de estudo).
Uma cadeia alimentar é composta de produtores, consumidores e detritívoros. Vamos analisá-los separadamente:

PRODUTORES: São organismos que produzem seu próprio alimento (autótrofos), normalmente realizando processos de fotossíntese ou quimiossíntese. Os produtores dos oceanos são principalmente as microalgas que fazem parte do plâncton (conjunto de organismos que vivem em suspensão na coluna d'água e estão à mercê das correntes e ondas, pois não tem capacidade de se deslocar na água). Eles constituem a base da cadeia alimentar.

CONSUMIDORES: Os consumidores, o próprio nome já diz, consomem os produtores. De acordo com o tamanho da cadeia alimentar que estamos estudando podem existir varias ordens de consumidores, normalmente existem consumidores de segunda e terceira ordem em quase todas as cadeias alimentares, mas existem outras com números muito maiores. Os consumidores primários são sempre herbívoros, e os demais, carnívoros.
Existem muitos organismos consumidores no oceano, alguns deles são: artrópodes (caranguejos, camarões), moluscos (nudibrânquios, sépias, polvos), peixes (tubarões, tunídeos, moréias), aves (fragatas, mergulhões), répteis (tartarugas marinhas, crocodilos marinhos, iguanas de Galápagos), mamíferos (baleias, morças, focas), entre muitos outros.

DETRITÍVOROS: A função dos detritívoros é fazer com que a matéria orgânica eliminada pelos organismos, seja por escretas ou pela mortes destes, se torne novamente disponível para a cadeia trófica e para o ambiente como um todo.
No oceano os principais organismos detritívoros são as bactérias e vermes, além de alguns crustáceos, equinodermos e aves.

Conforme a energia é transferida para as camadas mais altas da cadeia alimentar ela é também perdida. É estimado que quando a energia é "passada" através da cadeia alimentar, esta é aproveitada pelo predador numa taxa de apenas 10% .
Mas não é apenas energia que é transmitida na cadeia alimentar de indivíduo para indivíduo, algumas substâncias também fazem parte dessa cadeia da vida, é o caso de alguns metais pesados e outras substâncias tóxicas, como o DDT por exemplo (um inseticida que foi muito utilizado tempos atrás mas que hoje é proibido devido à algumas características que adquire na cadeia alimentar). Observe a tabela abaixo:

 "ECOLOGIA - Eugene P. Odum, 1983"

Para um melhor entendimento do assunto e da própria tabela acima talvez seja necessário a leitura do trecho de um texto que tem sua origem em comum à tabela acima, deixo disponível este fragmento:

..." A fim de controlarem os mosquitos em Long Island, durante muitos anos as autoridades municipais borrifaram DDT nos pântanos. Os especialistas em controle de insetos tentaram aplicar concentrações que não eram diretamente letais a peixes e outros animais silvestres, mas eles não contavam com os processos ecológicos e com a toxidez a longo prazo dos resíduos do DDT. Em vez de serem levados para o alto mar, conforme as predições de alguns, os resíduos venenosos adsorveram-se em detritos, concentraram-se nos tecidos dos detritívoros e de pequenos peixes e, novamente, concentraram-se nos predadores finais, como aves piscívoras..."

Ou seja, assim como o DDT, certas substâncias tem como característica o fato de se acumularem num organismo e permitirem que, ao transferir energia através da cadeia alimentar com a ingestão desses indivíduos, o predador absorva e acumule em seu organismo a quantidade de DDT presente na presa (tabela). A consequência disso é que, conforme nosso olhar deixa os níveis tróficos mais baixos da cadeia alimentar e passa a observar os predadores de topo (incluindo os seres humanos) o quadro complica-se, pois a concentração de DDT pode ser tão alta quanto possível, tornando-o uma substância mortal. Esse é um dos motivos pelo qual o DDT hoje é proibido, me arrisco em dizer, em todo o globo.
Agora conseguimos entender sobre a questão colocada logo no início da postagem, já que, dependendo da contaminação e do organismo contaminado, toda uma cadeia alimentar pode ser atingida. 
Ainda sim, a decisão de consumir mariscos de uma área contaminada é sua, é claro que é esperado que alguém que tenha algum conhecimento sobre o assunto ou no mínimo tenha lido essa postagem faça a escolha certa e fique livre desse inconveniente que pode custar a vida. E mais uma vez vemos um exemplo de que conhecer a natureza e estar bem informado dos acontecimentos pode fazer a diferença na vida das pessoas, boa informação é tudo.



REFERÊNCIAS:

ODUM, Eugene P. Ecologia. Tradução por Christopher J. Tribe. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1988. 434 péginas.




sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Leitura para as férias

Finalmente chegamos às férias, muitas vezes um descanso merecido de um ano estressante, descanso porém, não tem a ver com vagabundice ou com um período marcado pela falta de cultura.
Foi pensando nisso que criei esse post, para recomendar um livro para as férias. Convenhamos que todos estamos cheios de contos de vampiros e bruxos que fojem da realidade e fazem com que o leitor, ao invés de entender o mundo, se afaste dele.
O livro que deverá inspirar suas férias se chama "O canto do dodô", segue abaixo uma pequena resenha tirada de sua própria contra capa:

"O canto do dodô, se é que ele cantava, permanecerá para sempre desconhecido, pois nenhum ser humano que tenha deixado um testemunho deu-se ao trabalho de se sentar nas florestas de Maurício e abrir os ouvidos", escreve David Quammen. Ele se refere à ave de mais de quinze quilos que corria pela floresta, não voava, fazia ninhos no chão e só existia nas Ilhas Maurício. O dodô é o primeiro exemplo bem documentado de extinção causada pelo homem. Navegadores, sobretudo portugueses e holandeses, que aportaram por ali nos séculos XVI e XVII, colheram as dóceis aves como se fossem frutos e se refestelaram com sua carne. Os dodôs não chegaram ao século XVIII. o canto que não conhecemos é um alerta sobre como a ocupação humana altera o mundo de forma irremediável. Com um tom ao mesmo tempo bem humorado e incisivo, este livro, fruto de muitas viagens e de ampla pesquisa, conta histórias de ilhas e continentes para tentar entender a onda de extinções que assola o mundo.




Boa leitura!

domingo, 25 de dezembro de 2011

O relevo do fundo marinho

Quem nunca se perguntou como é o formato do relevo, ou chão por assim dizer, do fundo do mar. Será que é plano? Ou cheio de dobras? E qual sua profundidade?
Para muitos, o fundo do mar é um completo mistério e algumas informações quase nunca chegam à leitores leigos sobre o assunto, um exemplo disso são as respostas que podem ser obtidas ao se perguntar sobre a profundidade média dos oceano. Na verdade, essa profundidade média passa dos 3000 metros, ou seja, se o fundo marinho tivesse a mesma profundidade para todo local onde há água salgada, essa profundidade seria de 3000 metros (não haveria praias mais rasas do que isso), isso é muito se comparado à fração do Oceano que temos contato ou que convivemos.
Esse texto tem como objetivo dividir os compartimentos oceânicos para que os leitores vejam o quão imenso é o Oceano e quão diferente seu relevo é daquilo que pensamos ser.
Primeiramente é necessário dividirmos o relevo marinho em três partes (ou compartimentos): margem continental, assoalho oceânico e dorsal oceânica. Vamos trabalhar separadamente com cada um deles.

Margem continental
É dividida em plataforma continental (local onde o ser humano está mais habituado, ideal para mergulhos e onde se localizam as praias, geralmente não possui grande declive, tendo 350 km de largura e uma profundidade que não ultrapassa os 140 m, porém, na Sibéria, há uma plataforma com 1280 km de largura, localizada no Oceano Ártico), talude continental (é justamente onde termina a plataforma continental, pois o declive se torna maior, geralmente não passa dos 25º, tem em média 20 km de largura e atinge uma profundidade de 3700 m, tenha em mente que o fim do talude é o verdadeiro limite de um continente) e sopé continental (é um local no "pé" do talude onde há depósito de sedimentos, sua extensão varia entre 100 e 1000 km, sua inclinação é normalmente 1/8 da inclinação do talude continental).
O processo geológico que predomina em toda a plataforma continental é a sedimentação, principalmente aquela que deriva de componentes da terra (terrígenos) e de organismos vivos (biogênicos). Veja agora uma ilustração da configuração da margem continental como aqui vimos:


"Fundamento de Oceanografia - Tom Garrisson, 2010."


Assoalho oceânico
O assoalho começa justamente onde termina a margem continental e é o maior compartimento oceânico, constituindo mais da metade da superfície da Terra! Comparando com a superfície, o assoalho oceânico pode ser visto como um grande campo quase que inteiramente plano, com algumas estruturas geológicas características desse tipo de compartimento, tais como: fontes hidrotermais (falaremos delas em uma outra postagem), planícies e colinas abissais (com praticamente as mesmas características das planícies e colinas terrestres, com a diferença que se situam entre 3700 e 5500 metros de profundidade), montes submarinos, fossas e arcos de ilhas (um tipo de cadeia de vulcões).
A sedimentação também é o principal processo geológico presente nessa área, porém, sua origem é diferente. Desta vez, os sedimento é proveniente do vulcanismo (sedimentos vulcanogênicos) vindos do próprio assoalho (arcos de ilhas) ou da dorsal oceânica, falaremos sobre esta parte do relevo oceânico no próximo tópico.

Dorsal oceânica
Essa estrutura geológica é responsável pela criação da crosta terrestre, já que se trata de um local de divergência de placas tectônicas, ou seja, duas placas tectônicas estão se fastando uma da outra criando uma fratura no centro, onde, devido à temperatura e à pressão, é expelido o magma responsável pela criação da nova crosta oceânica.
Um exemplo característico desse compartimento oceânico é a Dorsal Meso-atlântica, situada no centro do Atlântico (para nós brasileiros entre o Brasil e a África). Além de criar nova crosta oceânica essa dorsal também é responsável pelo processo de separação que ocorre entre a América e a África, observe as figuras:

Adaptado do livro: "Fundamento de Oceanografia - Tom Garrisson, 2010."


"Fundamento de Oceanografia - Tom Garrisson, 2010."


O principal processo geológico que ocorre nas dorsais oceânicas é o vulcanismo, devido à grande concentração de vulcões e ao afloramento do magma causado pela própria dorsal.
Veja abaixo agora como se dá a união de todos esses compartimentos oceânicos e como eles se completam no fundo marinho:
"Fundamento de Oceanografia - Tom Garrisson, 2010."




Referências:

GARRISON, Tom. Fundamentos de Oceanografia. Tradução por Cintia Miyaji, et al. Quarta edição. São Paulo: CENGAGE Learning, 2010. 426 páginas.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Para pensar


Muitas vezes a interação entre o homem e o meio ambiente é danosa para ambos. Mas qual seria essa linha que divide as boas das más relações entre nós e o meio natural? O ser humano em si possui esse tipo de pensamento quando interage com a natureza?
O contato com a natureza pode ser feito sim de maneira saudável para ambos os lados, porém, na minha opinião, hoje o homem não sabe lidar com tal experiência. Mesmo quando pensamos não estar interferindo nos processos naturais que envolvem os organismos e o ambiente, ainda sim, é quase impossível afirmar com certeza que isso ocorre, por isso, quando estiver em uma situação onde haja contato direto com organismos e com a natureza, preze pela preservação de seu estado natural, evitando contatos diretos e alteração nos ciclos naturais.